domingo, 21 de novembro de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

A HISTÓRIA E A POLÍTICA

HISTÓRIA E POLITICA

Nesse artigo, o autor propõe uma análise acerca das questões relacionadas ao universo da história e da política e como esse campo do saber se constituiu ao longo do tempo. Segundo Sêga (2002), o poder, as guerras, a política e as sedições foram centradas pela escrita da história desde suas primeiras tentativas de estabelecimento disciplinar. Já na Antiguidade Clássica, Heródoto tenta superar os poetas e expõem em prosa o ocorrido nas guerras Médicas para que elas não caíssem em esquecimento, expondo uma visão política do mundo. Desde os helenos a preocupação da história é resgatar a vida dos moradores da cidade (a etimologia do termo política vem do grego pólis). O autor observa que o Estado tornou-se o principal ponto de atenção dos historiadores, e suas obras passaram a figurar a vida de monarcas, generais, constituindo uma modalidade que muitos historiadores chamaram de história política tradicional. Desse modo, a historiografia feita durante a Antiguidade Clássica focava apenas a classe dominante e suas relações com o corpo social. De acordo com o autor, tanto na Grécia como em Roma, a vida pública era envolvida com a vida religiosa, fazendo dos deuses sujeitos da história. Contudo, durante a Idade Média a historiografia passou a contar com vários relatos sobre a vida pública, as guerras e sobre a vida eclesiástica. Foi um período que multiplicou as obras de biografias de santos. Já a historiografia humanista e renascentista estabeleceu outro diálogo com esse universo, apesar de não ter introduzido mudanças significativas a respeito da interpretação da política. No entanto, iniciou duas tendências fundamentais: a discussão erudita das fontes e a eliminação definitiva do divino e do sobrenatural da história em busca dos fatos verdadeiros, ou pelo menos verossímeis. Ressalta o autor que entre os séculos XVI e XVIII surgiram os primeiros historiadores profissionais, ora para legitimar o poder do príncipe, ora para legitimar o poder da Santa Sé. Nesse mesmo período, ocorreu o refinamento do método erudito, ao qual vai gerar as Ciências auxiliares da História (a paleografia, a diplomática, a genealogia), que serão fundamentais para a posterior consolidação cientifica da história no século XIX. Com a Revolução Francesa e a busca do racionalismo pelo Iluminismo no século XVIII intensificou-se o estudo da História Política. Em oposição ao racionalismo, o romantismo trouxe o abandono das fórmulas clássicas e a introdução de novos estilos à escrita historiográfica, contudo não descartou a crítica documental e a predominância do político, utilizando da história para o fortalecimento dos Estados nacionais. O romantismo cedeu ao cientificismo positivista, fortalecido pela escola Metódica no século XIX, o qual defendia uma epistemologia empirista absoluta, ressaltando a importância do fato histórico na produção científica da história. Leopold Von Ranke, o principal defensor dessa historiografia positivista, propunha uma elevada crítica documental, para que o historiador por meio dos documentos ditos oficiais explanasse os fatos tal como ocorreram, numa narrativa seqüencial e linear de fatos políticos. Essa história “historizante” (factual) foi derrotada pelos ataques de sociólogos como Durkheim e pela renovação metodológica proposta pela Escola dos Annales, que entendia que todos os aspectos sociais estavam sujeitos a transformações e mudanças, e não só o político. Febvre e Bloch, os principais nomes desta revista, lutaram para construir uma historiografia constituída como ciência social, sem a pretensão da descrição objetiva do real, mais voltada para as formas de viver e para a cultura. O homem passou a ser percebido em sua totalidade e os temas da escrita histórica passaram a ser a geografia, as mentalidades, o cotidiano e a economia. O marxismo e o estruturalismo reforçaram esse desprezo pelo estudo do político. Na década de 60, as revoluções (principalmente a francesa) foram reestudadas, por influência da Nova História (herdeira dos Annales), com sua investigação sobre as mentalidades, como pela historiografia inglesa de cunho marxista, que procurou nas revoltas e nos movimentos revolucionários captar a manifestação das percepções culturais da população. Atualmente, os historiadores voltaram seus focos de análise para a narrativa das vidas privadas, do cotidiano de pessoas comuns e dos acontecimentos diários, rejeitando análises macroscópicas e até mesmo estruturais que predominaram nas décadas de 60 e 70. Com isso, é colocada em relevo a corrente conhecida como Nova História Cultural, que propõe uma renovação teórico-metodológica para a História Política. Esse ramo da historiografia contemporânea propõe mudanças na forma de escrever a história, com ênfase no estudo do universo simbólico, procurando, ao estudar o poder, resgatar a ação política humana no tempo e os sentimentos, as emoções, as formas de pensar desses agentes. Essa renovação metodológica da História Política incorpora uma reflexão sobre os mecanismos culturais de poder, ou seja, como são estabelecidas as relações entre governantes e governados. A História Política tradicional foi a principal forma de escrita da história até a segunda metade do século XIX, quando as ciências sociais passaram a questionar esse tipo de abordagem factual. Após um período de letargia, as discussões atuais sobre a História Política apontam para uma análise renovada, que busca entender até que ponto os homens são genuínos sujeitos históricos ou meros atores dentro de uma estrutura de poder supra-individual. Com isso, o autor faz uma análise das principais transformações que a História Política sofreu ao longo dos séculos.

SÊGA, Rafael. Historia: Questões & Debates. Curitiba: ed. UFPR, 2002

segunda-feira, 26 de julho de 2010

ROMA E OS CONFLITOS SOCIAIS

ROMA E OS CONFLITOS SOCIAIS

O expansionismo romano provocou uma profunda crise na República trazendo conseqüências desastrosas. Essa crise na sociedade romana foi devido às transformações sociais, econômicas e políticas. Acarretando intensificados conflitos internos pelo controle e distribuição dos benefícios. Vários fatores contribuíram para a eclosão dos conflitos, mas talvez o principal tivesse sido a acumulação de poder e riqueza (terra) pela aristocracia romana e a pauperização dos camponeses e o descontentamento dos escravos (esses em grandes números).
O que vamos verificar é que uma série de fatores interligados também contribuiu para essas transformações e para a ocorrência dos conflitos como: A ruína dos camponeses (principalmente o pequeno camponês),que durante um longo período de guerra foi obrigado a deixar seus campos improdutivos , sendo muitas vezes ocupado pelos grandes proprietários de terra.A concentração de terra nas mãos da aristocracia e o aumento do desemprego causado pelo aproveitamento dos prisioneiros de guerras como escravos levou os camponeses ao êxodo rural.
Esses camponeses acabaram sendo forçados a migrar para as cidades particularmente para Roma, Passando a viver em torno desta com o pão e circo fornecido pelo Estado.
Podemos ainda mencionar o conflito mediante a terra, principalmente aquelas que formavam o ager publicus, o domínio público do Estado. Muitas dessas terras o Estado deu o direito ao uso a possessores sendo, entretanto revogável. Porém esses possessores compostos de ricos proprietários foram incorporando as terras públicas fazendo passar por terra privada. Quando o Estado tentou recuperar essas terras que deixou sem um controle adequado nas mãos dos possessores houve a eclosão do conflito. Pois estes apesar de não possuir o titulo da propriedade já se considerava o proprietário devido aos anos de ocupação.


AS TENTATIVAS DE REFORMAS DOS IRMÃOS GRACOS

Com o intento de superar a crise geral pela qual passava a república romana, alguns setores mobilizaram-se em busca de reformas. A sociedade dividui-se em dois blocos antagônicos. De um lado o povo e seus lideres que reivindicaram reformas sociais urgentes. De outro lado os grandes proprietários rurais.
Para atender ao interesse do povo, Tibério Graco, eleito em 133 ac para o cargo de tribuno da plebe, propôs uma lei pela qual quem possuísse mais de 310 acres de terra deveria doar o excedente ao estado para que este distribuísse em forma de arrendamento aos romanos empobrecidos.
Com a aprovação da lei, os grandes proprietários ficaram insatisfeitos, e se opuseram á sua aplicação, a oposição á reforma agrária era formada pelo numeroso grupo dos que ocupava o ager publicus ilegalmente. Numa armação feita pelos inimigos, Tibério foi assassinado com inúmeros partidários.
Tempos mais tarde o projeto de reforma agrária foi retomado, pelo tribuno Caio Graco (irmão de Tibério Graco) que conseguiu o apoio dos cavaleiros para a aprovação de uma lei que aumentava o direito de participação dos representantes da plebe na administração do Estado. Além disso, o tribuno conseguiu a aprovação da lei frumentária.Essa lei consistia: obrigar o Estado a vender trigo a preços baixos para a população pobre, vindo favorecer exclusivamente aqueles que residissem em Roma.Muito se questionou sobre a aliança ente Caio e os cavaleiros, os foram concedidos vários privilégios.
Caio queria quebrar o domínio do governo pela aristocracia senatorial, ele procurou articular a força potencialmente hostil ao senado e que podiam ser valiosos aliados: a plebe urbana, os cavaleiros e os aliados itálicos.
Assim como ocorreu com seu irmão, as propostas de Caio Graco esbarraram também na oposição dos grandes proprietários rurais. O choque entre os partidários e o senado culminara com o suicídio de Caio perseguição e condenação a morte de centenas de seguidores.
Fracassada as reformas sociais dos irmãos Graco, a política, a economia romana entra num período de grande instabilidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ficou entendido que a terra era sinônimo de prestigio social, a fonte principal de todo o bem material e moral. E que o Estado romano através das conquistas de expansão passou a dispor de um vasto domínio territorial. Contudo o processo de expansão beneficiou acima de tudo as camadas mais ricas que abarcou grandes extensões de terra, ou seja, podemos concluir que houve uma tendência a concentração de terra. A maioria da população (a plebe) ficou excluída dos privilégios, principalmente com referencia a ocupação e exploração da terra.
Uma distribuição mais eqüitativa foi quase sempre resultado de uma intensa pressão popular, seja na luta pela repartição dos territórios conquistados, seja pela utilização do Estado como agente redistribuidor.

7- REFERÊNCIAS

BLOCH, Leon.Lutas Sociais na Roma Antiga. Lisboa: Europa-América. 1991..
CORASSIN, Maria Luiza.A Reforma Agrária na Roma Antiga.São Paulo: brasiliense
FINLEY, Senhores Camponeses In: A economia Antiga,Lisboa, Afrontamento,1988.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A vergonha como reguladora moral

A vergonha como reguladora moral
Vivemos em uma sociedade onde corrupção, roubo, assassinato, tem sido uma prática “comum”, porém não estamos nesse momento vivendo uma crise moral, pois ela é bem antiga, apenas aumentou com o capitalismo e a prática do consumismo exacerbado. A vergonha é uma das melhores ferramentas para formar sujeitos que não roube, não receba propina e não saiam matando gente de forma indiscriminada. É através de trabalhos, estudos e pesquisas que desde a década de 80 o professor de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) Yves de La Taille vem investigando o desenvolvimento moral, tentando explicar como a noção de moral é fundamental na formação de um ser humano.
Nascido na França, porém criado no Brasil desde sua infância, Yves Joel Jean-Marie Rodolphe de La Taille, é uma das maiores autoridades e especialista mais respeitado do país quando o assunto é Psicologia do Desenvolvimento Moral. Possui graduação em Psicologia, mestrado e doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano e é Livre Docência, tudo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é professor e diretor do Instituto de Pesquisa na Universidade de São Paulo (USP). Foi autor de algumas obras onde se destacam: Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão; Limites: três dimensões educacionais; Moral e Ética: dimensões intelectuais e afetivas e Cinco estudos de educação moral.
Yves objetiva por meio da obra me análise, discutir o papel que o sentimento da vergonha exerce na ação e desenvolvimento morais no ser humano. Para tanto, estabelece um mapa conceitual que envolve idéias próprias de outros autores. Tal discussão se dá sobre o pano de funda da matriz construtivista, pois se encontra sustentada em teorias clássicas como as de Piaget, Freud e Kant. Não bastasse essa reflexões teóricas acrescenta estudos empíricos com crianças (na faixa etária entre 6 e 12) e discute situações cotidianas que acabam por envolver profundamente o leitor.
A obra encontra-se organizada e torno de duas grandes partes que, por sua vez, estão subdivididas em capítulos. No capitulo 1: “Personalidade e moral” define a moral como um conjunto de regras restritivas da liberdade individual, de caráter obrigatório, cuja finalidade é garantir a harmonia do convívio social. No campo moral considera-se as virtudes como justiça, generosidade, fidelidade, gratidão, compaixão e tolerância. Retoma as teorias clássicas (Freud, Piaget e Kohlberg) para analisar a moral e sua relação com o “Eu” e estabelecer o lugar que a mesma pode ocupar na construção da personalidade, pois a construção da identidade situa-se na busca de um valor positivo. Dessa forma para estudar a personalidade humana, devemos estudar a moral e vice-versa, fazendo um debate em torno da moral e da ética.
No capitulo 2: “Representações de si e valor” faz uma análise o qual a tomada de “consciência de si” desenvolve-se paulatinamente a partir de uma fusão inicial da criança e do universo em que nasce. O autor destaca que na fase infantil encontra-se a raiz dos complexos de inferioridade sentida por muitos adultos, e que o homem busca identificar-se com valores visto como positivo para ele. As “representações de si” decorrente da tomada de “consciência de si” são sempre valorativas, e que os olhares e juízos alheios desempenha um papel importante para sua construção.
No capitulo 3: “A vergonha” discute com mais precisão o sentimento da vergonha, e a importância da mesma para entender o ser humano de forma geral e compreender seu juízo e comportamento morais. Apresenta várias definições de vergonha desde o “Aurélio” aos Dicionários franceses. Destaca cinco eixos organizadores dos sentidos da palavra vergonha são: 1) Exposição/ juízo; 2) Ação própria/ humilhação; 3) Sentido positivo / negativo; 4) Passado-presente/ futuro; 5) Moral/ amoral. Busca analisar a relação desse sentimento em situação de exposição não vinculada a juízos negativos e sim através do autojuizo e o juízo alheio; a humilhação no sentido de inferioridade e rebaixamento; na representação de valores, estudando seus aspectos positivo e negativo. Portanto mesmo as pessoas que não confessam publicamente sua vergonha, mesmo assim sofrem deste sentimento.
No capitulo 4: “Vergonha e moral” analisa de maneira crítica a relação entre a moralidade e o sentimento da vergonha, salientando a importância que ambas exercem nas ações morais, procura relacionar a vergonha a outros sentimentos como culpa, medo e honra. Afirma que é impossível pensar a motivação moral sem a afetividade. Os estudos sobre a diferença ente a culpa e vergonha afirmara que a primeira relaciona-se a ação e a segunda sendo ao “Eu”, e que a culpa e a vergonha são sentimentos que pode levar a pessoa à auto-avaliação. Enfatiza também que podemos sentir culpa e vergonha sozinhos, sem controle externo, enquanto a culpa pode ser retirada por outrem, a vergonha deve ser superada. Ao pensar o lugar da afetividade na moral e comparam os dois sentimentos, a culpa e a vergonha, tal comparação nos permitiu ver que embora diferente da culpa em aspectos essenciais, a vergonha vincula-se claramente a moral. Viu-se que a honra pode associar a diferentes conteúdos, uns moralmente suspeitos e outros, pelo contrário eticamente admiráveis.
No capitulo 5: “Gênese do sentimento de vergonha” dando início a segunda parte do livro foi exposto pesquisas com crianças de 6 a 14 anos para comprovar a existência de uma “gênese natural” do sentimento da vergonha quando relacionada a moral, principalmente durante a infância. Os estudos Piagetianos, freudianos e de outros autores foram relevantes para os estudos psicológicos. A primeira pesquisa teve como resultado que a vergonha de exposição cede pouco a pouco o terreno para a vergonha desencadeada por um juízo de valor, a outra teve como objetivo saber a partir de que idade as crianças atribuem sentimentos negativo a alguém que cometeu uma infração moral, o qual revelou que crianças maiores atribuem sentimentos negativos ao infrator por já esta adentrada na fase da autonomia. Com relação á vergonha associada aos castigos (broncas, reparação, castigos físicos), confissão pública, insulto, crítica, verificou-se através das pesquisas que as crianças a partir de 8 anos começam a sentir o peso do juízo alheio e a sentir vergonha associada a valores, ao contrário das crianças que atribuem como mais doloroso as sanções materiais.
No último capitulo o 6: “Segredo, humilhação e confissão” as pesquisas realizadas também com crianças de 6 a 14 anos. Aponta que a partir de 4 anos em média elas já compreendem o que é um segredo, e dos 9 a 10 já concebe o direito ao segredo em geral referente a aspectos íntimos e as tentativas alheias de conhecer-las são intenções de ajuda. A humilhação foi classificada em três categorias: as humilhações domesticadas, as ritualizadas e as violentadoras, sendo que as três têm em comum a intenção de rebaixar em algum aspecto a pessoa alvo, intenção esta que é própria definição der humilhação. Diz também que a humilhação é passível de condenação moral. Já nos estudos referente à confissão, vimos que em alguns casos ela costuma ser mais admirada do que exigida, e é um tema moral desde muito cedo, é defendida pela necessidade da confiança mútua e de assumir o que fez.
Conclui que a vergonha é um dos sentimentos essenciais à moralidade humana e que a mesma vai aos poucos, associando–se a valores morais.
Nietzsche, em “Genealogia da moral” vê na moral a problemática do “domínio”, onde todas as morais são configurações a partir do exercício do “Poder”. E só há valores na medida em que a própria vida os estabelece. Para ele o nível de uma moral determina – se segundo o grau de verdade, da conformidade à vontade de domínio enquanto essência da vida. Já Yves vê a moral como um conjunto de regras com a finalidade de garantir a harmonia da sociedade e que é uma problemática apenas se separada dos domínios convencional.
“Vergonha, a ferida moral” é uma obra que nos remete a possibilidades de reflexões sobre um sentimento presente em maior ou menor grau em todos os seres humanos, e que somente nas últimas décadas vem sido discutido com consistência. O autor aborda relevantes estudos e pesquisas sobre o papel do sentimento da vergonha na construção da moralidade humana, que é um componente fundamental na prática de todo educador. É uma obra importante principalmente para pessoas que trabalham com o desenvolvimento humano, tanto na área da psicologia quanto na área da educação
Referências:
LA TAILLE, Yves de. Vergonha: a ferida moral. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. 287 p.
NIETZSCH, Friedrich. A genealogia da moral. 3. ed. São Paulo-SP: Morais. 1991

terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma analise do coronelismo no Brasil

UMA ANALISE DO CORONELISMO NO BRASIL


A corrupção, o nepotismo, o patrimonialismo e o clientelismo são práticas presentes na história do Brasil, um elemento fundamental para compreender o funcionamento dessas práticas é o coronelismo que teve suas origens no império, mas foi no período da Primeira República oligárquica que teve sua maior expressão, sendo que na década de 1970 começou a declinar.
O coronelismo é visto como símbolo de autoritarismo e impunidade, o termo foi criado para designar certos hábitos políticos e sociais próprios do meio rural brasileiro, onde os grandes proprietários rurais, ditos coronéis, exerciam domínio sobre as pessoas que viviam em suas terras ou delas dependiam para sobreviver.
A origem do coronelismo brasileiro é bastante controvertida, alguns historiadores remontam a criação da Guarda Nacional. Sendo que é daí que advém o termo coronel. Criada no período colonial, em substituição às milícias em ordenanças com a finalidade de defender a integridade do Império. Os chefes locais mais destacados ocupavam nela os postos mais elevados no caso de coronel, seguido de major e capitão. De acordo com Pang, o termo “coronel” significa literalmente coronel, um posto militar originado nas milícias coloniais do fim do século XVIII, apesar de muitos acharem que o titulo provem da guarda Nacional (1979.p.19). O cerne do coronelismo também esta relacionado aos aspectos sócio-políticos do monopólio do poder por parte das classes dominantes e auxiliares, nos regimes monárquico e republicano no Brasil.
A guarda Nacional foi extinta logo após a proclamação da República, contudo persistiu a denominação de “coronel” de onde se originou o vocábulo de coronelismo.
Seria bastante significativo fazermos uma análise sobre as estruturas oligárquicas. Estas, segundo os estudiosos, são divididas em quatro grupos como: famíliocrática, tribais, colegiado e personalista.
Pesquisa aponta a oligárquia familiocrática como categoria onde a maioria dos coronéis brasileiros se encontrava.
A suposição de que todos os coronéis eram donos de terra é simplesmente falsa. A ascensão do coronel dependia de muitos fatores externos característicos de sua profissão, domínio e recursos pessoais. É possível classificarmos em sete tipos de coronéis, que podem ser dividido em duas categorias amplas: a ocupacional e a funcional.
Na categoria ocupacional estão situados: o “coronel proprietário de terras”, que de acordo com as pesquisas é o arquétipo brasileiro, ”Coronel comerciante”, ”Coronel padre”, Pang faz uma referência a este, como padre Cícero, o maior líder religioso do catolicismo popular, era reconhecidamente um coronel de coronéis, também havia o “coronel-industrial” este era raro no nordeste. Na categoria funcional está ”Coronel- guerreiro”, Coronel-burocrata é o coronel-chefe do curral-distrito, que origina de todas as categorias profissionais.
Segundo Pang, o município era o baluarte administrativo de um coronel (1979.31). De modo geral um coronel era o principal chefe de um município e acabava assumindo grande poder, era, sobretudo uma figura local exercendo influência nesses municípios pequeno e afastados.
O coronel mais importante em cada município ou região estabelecia aliança com outros fazendeiros para eleger o governador do estado..Depois de eleito o governador retribuía o apoio recebido dos coronéis destinando verbas aos municípios.Era uma troca de favores.As conseqüências dessas alianças, era que o poder político ficava sempre em mãos do mesmo grupo.
O coronelismo como forma de domínio oligárquico foi reforçado pela evolução política da Primeira República principalmente durante o governo de Campos Sales

CORONELISMO E ELEIÇÕES

A política dos governadores institucionalizou a troca de favores entre os lideres oligárquicos, tendo como base uma rede de poder que unia as instâncias federal, estadual e municipal. Seu funcionamento, portanto dependia de elementos articuladores. Aos coronéis coube a importante tarefa de controlar o eleitorado no seu município de atuação. Muitas vezes para chegar ao povo votante, o coronel ativava o cabo eleitoral, alguém prestativo do seu meio, incluía também ai o exercício da fraude eleitoral. Uma das formas de controle dos coronéis eram a troca e favores. Sabemos que os principais cargos dos municípios, na escola, na delegacia, na estação de trem, no cartório público e muitos outros estavam sujeitos á influência do coronel. Sendo enorme os seus poderes em nível municipal, inúmeras pessoas dependiam deles para arrumar emprego, dinheiro emprestado ou favores políticos. Em troca dos “favores” concedidos os coronéis exigiam que as pessoas votassem nos candidatos por eles indicados. Essa prática contribuiu para a formação de verdadeiros currais eleitorais, ou seja, todas as pessoas que deviam favores aos coronéis acabavam votando nos seus candidatos. Outra forma de controle era a utilização de capangas, os famosos jagunços que intimidavam os eleitores a se manterem fiel ás orientações dos coronéis pelo uso da violência..Esse tipo de voto obtido pela intimidação ficou conhecido como “voto de cabresto”.
O voto de cabresto resultou num tipo de sistema eleitoral predominante na República Velha. O sistema político desta estava assentado na fraudes eleitorais, visto que o voto não era secreto, mas aberto,dando margens a fraudes.Para votar ,o eleitor dirigia-se a mesa eleitoral,composta pelo presidente da Câmara e de mesário por ele indicado,que controlavam as listas de presença e votação e observavam o voto de cada eleitor.
Além do voto de cabresto os coronéis utilizavam também outros artifícios para fraudar e ganhar as eleições. Documentos eram falsificados para que menores e analfabetos pudessem votar, pessoas que tinham morrido era inscritas como eleitores, era os conhecidos eleitores-fantasmas, essa falsificação foi denominada de o bico de pena, houve ainda a adulteração e muitas artimanhas era feita na contagem dos votos.
A degola ou depuração como se costumavam dizer, consistia nos candidatos vitoriosos não apoiados pelo grupo dominante, cujos mandatos não eram reconhecidos, tendo como conseqüência sua exclusão, enquanto os candidatos fiéis ao executivo sempre tinham seus mandatos reconhecidos. As eleições locais era a peça chave do sistema oligárquico que imperava na Primeira Republica. Os coronéis que garantiam o voto dos eleitores de sua área de influência aos candidatos governistas, que por sua vez indicavam o candidato a presidente da República. Quando eram eleitos candidatos que colocavam em risco a supremacia da oligarquia, a Comissão de Verificação de Poderes, encarregada de verificar se poderia ter havido fraude nas eleições e diplomar os eleitos. Ela então se encarregava de criar os argumentos para não empossar o candidato da oposição e diplomar aquele que fosse o representante da oligarquia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que o coronelismo era sinônimo de poder e uma forma de “mandonismo local”. No sistema político criado pelo regime republicano os coronéis adquiriram a tarefa de controlar o eleitorado no seu município de atuação. Ficou explicito que esse controle era feito através da prestação de favores, barganhas políticas. Outra forma de controle era a utilização de capangas, jagunços que intimidavam os eleitores a serem fieis às orientações dos coronéis.
Podemos inferir que a eleição na Primeira República não satisfazia a vontade popular, mas sim das oligarquias estaduais, estas eram marcadas pela corrupção pela fraude, o qual tornou bastante notório e enraizado no regime representativo brasileiro.Percebe-se que as práticas clientelistas e partenalistas foram bastante comuns na política do Brasil e ainda hoje aparece freqüentemente denunciada pela mídia.

REFERÊNCIAS


LEAL, Vitor Nunes. Coronelismo, enxada e voto. 3ª ed. Rio de Janeiro. Nova fronteira. 1997,
PANG. Eul-Soo. Coronelismo e Oligarquia 1889-1934-A Bahia na Primeira republica Brasileira. Rio de janeiro. Civilização brasileira. 1978.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

POVOS MESOAMERICANO



POVOS MESOAMERICANOS

Os espanhóis quando chegaram á América,encontraram comunidades altamente desenvolvida que além de talhar monumentos gigantescos de pedra,conheciam a escrita,os sistemas matemáticos e astronomia, tinha um calendário mais elaborado que o europeu e vivia em cidade magníficas com praças,templos,palácios,lojas e já fazia o uso de um perfeito sistema de canais,era uma sociedade considerada de alta cultura.Esta é hoje denominada mesoamericana que corresponde México,Honduras,Guatemala e Belize.

A CONQUISTA

A historiografia demonstra que os povos mesoamericanos no século XV, da chegada dos espanhóis eram infinitamente mais numerosos.Os espanhóis eram numero bem menor,porem mais equipados,com cavalos,canhões,armas de fogo.Tudo isso era desconhecido na América e teve um forte impacto psicológico nas populações indígenas.O pânico e a perplexidade dominaram os astecas,maias e os povos andinos.
Segundo Bethell tanto no Peru quanto no México os nativos descreveram uma atmosfera de terror religioso quando da chegada dos espanhóis,ele também menciona que o resultado do conflito não dependeu apenas da força dos oponentes:a partir da perspectiva dos derrotados ,a invasão européia também continha uma dimensão religiosa, e mesmo cósmica.Saques,massacres,incêndios,os índios estavam vivendo o fim de um mundo,a derrota significa que os deuses tradicionais haviam perdido seu poder sobrenatural.Ja Novais enfatiza que após a vitória militar de Cortés sobre os méxicas,este teria transformado alguns templos mesoamericanos em igreja cristã.derrubando as imagens das divinidades mexicas e colocando em seus lugares imagem da virgem e da cruz,estava assim declarada a imposição da religião cristã.
A partir da chegada dos conquistadores espanhóis ,várias ordens religiosas foram trazidos com o objetivo de converter estes povos a fé cristã e destruir suas antigas tradições e idolatria,considerado como demôniacos.Novais vai aqui fazer uma referencia ao trabalho dos religiosos espanhóis:Bernardinho de Sahagum,(franciscano),Diego Durán(dominicano) e José de Acosta (jesuíta) estes seriam de extrema impotância,devido o legado de suas crônicas, o qual nos permite ter um conhecimento das civilizações mesoamericana e também da visão que os religiosos tinham deste povos.

O ESFACELAMENTOS DE UMA CIVILIZAÇÃO

O encontro entre esses dois povos pontilhado de incompreensões e conflito deu origem a uma profunda desestruturação na civilização mesoamericana.De acordo a Bethell o trauma da conquista não se limitava ao impacto psicológico da chegada do homem branco e da derrota dos antigos deuses, o governo espanhol ao mesmo tempo em que fazia uso das instituições nativas, realizava sua desintegração deixando apenas estruturas parciais que sobrevivesse.As consequências destrutivas da conquista afetaram a sociedade nativa em todos os níveis:sociais,ideológicos,econômico e demográfico.
Bethell enumera as causas do declínio,que dava da seguinte ordem de importância:a guerra, as epidemias, as migrações da população e o excesso de trabalho.Com relação ao sistema econômico foi acompanhado tanto no Peru quanto no México, pelo desmantelamento da estrututa social,mas o processo assume difente formas em cada área social os membros da nobreza nativa se via forçados a agir como intermediários entre espanhois e seu povo, o alcoolismo também foi mencionado como causa da desintegração da cultura.

O PROCESSO DE ACULTURAÇÃO

A conquista provocou grandes transformações nas tradições nativas, com a imposição ou introdução de novas praticas.Na esfera econômica ocorreu uma rápida aculturação com o uso limitado de alguns produtos europeus que ampliaram a variedade de recursos disponíveis ao nativos, sem realmente substituir, entre os produtos estavam laranja,maçã, figo,couve,nabos, vinho.O trigo e o gado foram introduzido por instigação dos espanhois.As práticas tradicionais de cultura sobreviveram, mas houve a introdução do arado.
A aculturação linguística parece ter ocorrido mas rapidamente,os senhores e seus filhos aprenderam a falar e escrever espanhol. O colégio Tlateloco e os religiosos contribuíram para este processo,embora como ressalte Belthell continuassem a usar a língua nativa,as roupas européias também foram adotadadas por certo membros da nobreza,bem como outros intens.
Na esfea religiosa Novais faz um minucioso relato através da historiografia dos cronistas religiosos espanhois.O objetivo desses religiosos era a conversão do povo mesoamericano a religião católica.Para eles os deuses deste povo eram disfarces demoníacos e precisavam ser combatidos.Assim deveria ser controladas as crenças,os rituais, as cerimônias as festas religiosas,os deuses e seus atributos.
Tanto Bethell quanto Novais expõem que estes povos permaneceram fieis suas tradições,pois eram apegados tenazmente as suas próprias crenças e rituais.Novais vai então afirmar com base nas crônicas ,que os religiosos perceberam que apesar deste povo ter recebido o sacramento e frequentar a igreja,eles não havia renunciado aos antigos deuses.Alguns religiosos entenderam que para uma completa evangelização era necessário estudar,compreender e conhecer a religiosidade desse povo para perceber se ainda utilizava as antigas crenças,havia uma preocupação com idolatria cujo culto podia ser mantido sem ser percebido.Estes religiosos elaboraram obras narrativas que foram utilizadas pelos missionários no processo de evangelização.
Por fim Bethell vai salientar que embora se ajustassem aos elementos externos do culto cristão,conseguiram esconder seus ritos tradicionais.Os espanhóis favoreceram ambiguidade ao erigir cruzes e igreja nos antigos locais religioso do nativos,enquanto por seu lado os índios camuflava seus ídolos e rituais sob um disfarce cristão.Ele ainda vai menciona que os resultados da aculturação permanecia limitados.Na resultante interação entre continuidade e mudança , a tradição prevaleceu sobre a aculturação.Em geral,quando adotava elementos de uma cultura,os povos meramente os acrescentavam aos elementos de sua própria cultura ou usava com o espécie de camuflagem.
Podemos então entender que antes da chegada dos espanhóis a civilização mesoamericana era altamente desenvolvida,porém com a colonização foi praticamente aniquilada.Os povos foram quase exterminados pelas guerras e epidemias,houve danos irreparáveis a cultura,na religião prevaleceu a tradição havendo o acréscimo dos elementos cristão a sua cultura,resultando assim no sincretismo religioso que permaneceu ate hoje.
O encontro e confronto entre espanhóis e os povos mesoamericanos deixaram marcas profundas em nossos continente.As consequências da colonização reflete ate hoje nas populações.

REFERÊNCIAS

BETHELL.Leslie.Historia da América Latina:América Latina Colonial.V2.São Paulo:EDUSP,1999
SANTOS,E.Novais.dos.Deuses do México indígena.São Paulo:Palas Athena,2000.
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segunda-feira, 21 de junho de 2010

"Pra poesia que a gente não vive..."

De certo ponto de vista, todo historiador tem um pouco de poeta, assim como toda história tem uma pitada de poesia.O historiador é aquele que fala da perda do passado, do irrecuperável objeto seu de cada dia. Escrever História é falar daqueles que já se foram, das coisas que não voltam. E ao mesmo tempo é falar daqueles e das coisas que não querem ir.Escrever História é dançar com fantasmas, mas sem privá-los de pronunciar algumas palavras. Escrever história é contar aos outros, histórias de outros outros. É a maneira que encontramos pra poesia que a gente não vive.E a história que você escreve? De que é feita? De que forma você constrói o conhecimento da experiência? De quais formas a teoria organiza e sistematiza o que você chama de História? Seja bem-vindo.