sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

MENESES, José Newton Coelho.História & Turismo cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

No capítulo I da obra em referência o autor aborda questões envolvendo Cultura e Turismo Cultural, com suas respectivas interfências no cotidiano das Cidades onde este último é apropriado comercialmente com consequências excludentes para muitos cidadãos nativos que ao longo dos tempos construiram e conservaram o patrimônio ora desfrutado pelos visitantes.
Inicialmente o autor exemplifica com visita de turistas franceses a Igreja do Carmo, na Cidade de Diamantina, de Minas Gerais, onde o guia que os acompanha enaltece o patrimônio material ali construído, como a arquitetura, as obras de arte sacra entre outros, porém não atribui o mesmo significando a uma senhora idosa que ali se encontra no seu ritual diário de orações. O guia não percebe naquele ato um patrimônio cultural imaterial, que também interessa aos turistas, e se sente incomodado pela presença da beata, pela necessidade de baixar o tom da voz para falar aos seus clientes, comportamento esse que transforma as suas presenças também indesejáveis para aquela senhora.
O escritor deixa claro com o exemplo acima a necessidade de extender “ao maior número de pessoas possível, da apreensão e interpretação acerca do passado de determinado grupo social ou comunidade localizados em um dado espaço histórico”. Perceber a cultura passada de um grupo populacional como algo de conhecimento gratificante requer parâmetros que se aproximam da busca intelectual do cientista social (historiadores, antropólogos, sociólogos, entre outros) com métodos de conhecimento que dialogam entre si. Paralelamente se faz necessário “que essa fruição incorpore e dignifique a existencia do grupo construtor dessa história que se quer conhecer”, levando com que o grupo faça da intermediação entre a cultura passada e o cotidiano em algo estimulante.
Essa dicotomia relatada pelo autor na percepção dos observadores do Patrimônio material e Imaterial, não é sustentável didáticamente, já que a integibilidade da uma manifestação cultural só faz sentido se fruida em conjunto. Sobre afirma “Material ou Imaterial, as construções culturais são parte de um uníssono de experiências históricas vivificadas de forma intergrada”, levando os intervenientes a interpretação do passado e a sua transformação em atrativo turístico considerando e dignificando a vivência do presente como parte de um todo cultural.
Mais adiante o autor relata as intervenções sofridas por cidades transformadas em “produtos de consumo massificado”, ocasionando problemas de apreensão, interpretação e comunicação de seus patrimônios históricos, bem da exclusão social de parcela de suas populações. A falta ou deficiência no planejamento turístico de cidades como Tiradentes, em Minas Gerais, que deveria incluir sua a sua população no usufruto do bem patrimonial que elas são, se trasforma num fator de exclusão de vidas e de possibilidades econômicas para a própria população, enquanto bem patrimonial, identidade, herança e tradição, expulsando esses moradores dos centros históricos para as periferias pobres das cidades.
Vale destacar também as considerações do autor sobre o surgimento do turismo moderno, a partir da revolução industrial no século XVIII, quando as relações de trabalho, modernização dos meios de transporte e comunicações sofreram grandes transformações contribuindo efetivamento para o chamado “boom” do turismo, provocado pela facilidade de se deslocar entre longas distâncias.
Finalmente considemos as questões tratadas pelo autor no texto ora estudo de suma importância, não apenas para profissionais da área, como turismólogo, historiadores, sociólogos, entre outros, más para todas as pessoas que queiram ampliar seus conhecimentos sobre História e Turismo Cultural.